VII Congresso Latino-americano de Formação de Professores de Línguas

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No ano de 2016, as professoras Lisiane Cohen e Cristiane Schnack compartilharam suas experiências em projetos interdisciplinares com vistas à formação docente. Os trabalhos, cujos resumos são trazidos abaixo, relataram sobre o “fazer interdisciplinaridade” como um espaço em construção, um exercício de encontros e convergências — um exercício de narrativas possíveis que se entrelaçam.

A cada edição do Congresso, fortalecem as discussões em torno de ser/estar professor/a como um exercício de interdisciplinaridade. Mais uma vez, em 2016, fica saliente que a possibilidade da interdisciplinaridade é uma possibilidade concretizada no diálogo, no buscar pontos convergentes e no querer estar em parceria.

Constrói-se parceria, cotidianamente, na possibilidade de empreender histórias comuns, partilhadas e tangentes. Esses entendimentos são fio condutor nos trabalhos apresentados, que são trazidos abaixo.

Intercambiar, descontruir, entrelaçar, interdisciplinar: fazeres pedagógicos com vistas a vivências interdisciplinares na formação docente de professores de línguas

Cristiane Maria SCHNACK (Unisinos)

A premissa de que o trabalho interdisciplinar deva pautar o fazer docente (BRASIL, 1998; FAZENDA, 2011) completa um ciclo sem que o debate sobre como transpor diretrizes educacionais para a sala de aula da escola regular tenha sido efetivado na plenitude (Ortiz, 2011; Blos, 2013). O presente estudo, qualitativo (Dias, 2000), oriundo de pesquisa-ação, buscou compreender o processo de construção de práticas pedagógicas interdisciplinares desde a concepção da proposta até a proposição do produto final, para compreender os percalços e avanços enquanto processo, e não produto, no âmbito da formação básica na universidade. Para tal feito, valeu-se de diário de campo e análise de documentos ao longo de 2 semestres acadêmicos, período de proposição e implementação das referidas práticas interdisciplinares na disciplina de Laboratório de Ensino de Línguas Estrangeiras, do curso de Licenciatura em Letras, e Produção e Imagem, do curso de Publicidade e Propaganda. Revela-se que o entendimento das diretrizes (RS, 2011) no que tange à interdisciplinaridade não acontece somente enquanto prática individual de compreensão dos construtos teóricos e posterior aplicação dos mesmo, carecendo de um lugar privilegiado, concretizado na vivência interdisciplinar na formação docente, mediada pelas docentes das disciplinas. Argumenta-se pela necessidade de organizarmos a prática docente menos com a oferta de respostas e mais como espaços de problematização, desenvolvendo uma postura interdisciplinar, e respeitando o princípio da universalidade que guia o contexto universitário. Nesse cenário,  a interdisciplinaridade não deve constituir-se apenas como conteúdo a ser discutido e aplicado, mas também como vivência profissional docente.

Palavras-chaves: interdisciplinaridade, vivência pedagógica, formação docente, docência na universidade, ensino de línguas.

O diálogo transformador: a experiência da interdisciplinaridade aplicada na universidade para a formação de professores de línguas

Lisiane COHEN (Unisinos) 456723180-53

A Universidade, como espaço de experimento e pautada no entendimento de universalidade, têm permitido que alunos de Letras realizem trabalhos interdisciplinares através de uma parceria entre disciplinas deste curso e de Comunicação, mais especificamente de Publicidade e Propaganda. Os desafios propostos para os estudantes seguem os princípios da narrativa transmídia, na qual uma história se desenrola “através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo” (JENKINS, 2009, p.138), exercitando a criação de narrativas que são ampliadas.

No cenário brasileiro, a interdisciplinaridade tem sido estudada como disciplina, mas pouca atenção tem sido dada às especificidades de trajetórias de professores de línguas na sua formação universitária. Assim, este trabalho abre espaço para a reflexão sobre práticas interdisciplinares no âmbito universitário, portanto no processo de formação de professores de línguas, que terão no seu exercício diário, com o contexto que se apresenta, a necessidade desta prática.

Ao fim e ao cabo, não são os produtos da disciplina os únicos que têm suas narrativas construídas a partir de diferentes mídias, ou seja, transmidiáticos, mas os próprios alunos têm sua narrativa autobiográfica construída na interação com área distinta, diferente e por vezes distante da sua, configurando o caráter profundamente transformador da narrativa pessoal inicial.

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